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Às perdedoras, as críticas. À vitoriosa, a medalha

Por Andréa Bruxellas

A conquista de medalhas em competições esportivas é amplamente valorizada na sociedade norte-americana. De uma maneira geral, as medalhas olímpicas e vitórias em competições esportivas importantes são celebradas e consideradas um símbolo de excelência. Afinal, a competitividade faz parte da cultura dos Estados Unidos.

A valorização dos resultados e da performance também tem raízes no patriotismo. Portanto, para os estadunidenses, trazer medalhas seria uma forma dos atletas demonstrarem orgulho e espírito patriótico.

Mas quando a vitória não vem, como no último domingo, na Copa do Mundo Feminina da Fifa, em que a seleção de futebol foi derrotada pela equipe da Suécia nos pênaltis, não faltam críticas de todos os lados. É a contrapartida negativa das grandes coberturas midiáticas esportivas. Até o ex-presidente Donald Trump quis dar uma conotação política à derrota. Mas ele não foi o único.

No dia seguinte à eliminação das americanas (7), o jornalista britânico Piers Morgan postou o seguinte texto no Instagram: “É difícil uma equipe esportiva americana que tenha feito o país se sentir tão pouco orgulhoso como esse bando de prima-donas ativistas. Para além do fato de terem jogado mal, a recusa de cantarem o Hino Nacional durante todo o torneio, ou de colocarem as mãos sobre o coração, foi uma vergonha absoluta”. No título do post, o jornalista ainda pediu que não chorassem nem por Megan Rapinoe, que se despediu dos gramados nesse Mundial e foi uma das responsáveis pelo movimento que igualou os salários das jogadoras com os da equipe masculina, nem pelo restante da seleção que, na opinião dele, era formada por perdedoras e antipatriotas.

Foto: @nypost

Conhecido pelo estilo polêmico que já respingou inclusive na família real britânica ao chamar de hipócritas o Príncipe Harry e a mulher Meghan Markle, Piers Morgan não passou incólume aos comentários do post em que criticou a atuação da seleção feminina de futebol. Entre os mais de 250 comentários postados até a escrita desse texto, não faltou quem destacasse a vocação do jornalista para chamar a atenção com textos polêmicos ou mesmo a antipatia dele pelos Estados Unidos. Houve também quem tomasse as dores das jogadoras dizendo que botar a mão no peito e cantar o hino não significava patriotismo e que as duas Copas do Mundo consecutivas conquistadas por elas seriam o equivalente a ganhar o Super Bowl [jogo final da principal liga de futebol dos Estados Unidos] por quatro anos seguidos.

Polêmicas à parte, é inegável o investimento alto que os Estados Unidos fazem tanto na base quanto na elite dos esportes. Não é à toa que é o recordista de medalhas nos Jogos Olímpicos. Os atletas olímpicos norte-americanos muitas vezes são vistos como embaixadores do país. E, claro, isso tudo tem um peso. Por isso, quanto uma atleta do quilate de Simone Biles, a ginasta mais condecorada da história, abandona cinco provas nas Olimpíadas de Tóquio e a ginástica por 732 dias para cuidar da saúde mental, a repercussão dentro e fora do país é gigantesca.

Mas a garota-propaganda do esporte estadunidense voltou. E em grande estilo. Com aliança no dedo após o casamento com o jogador de futebol americano Jonathan Owens, collant preto e branco,  e muita disposição para retomar o seu lugar no coração da América. 

A pequena está de volta para roubar o coração da América

Quatro vezes medalhista de ouro nas olimpíadas, Biles sabe bem como agradar ao seu povo. No solo, no salto sobre a mesa, nas barras assimétricas e na trave de equilíbrio, ela brilhou mais uma vez. E deixou o US Classic, em Chicago, torneio classificatório para o nacional, com uma reluzente medalha de ouro.

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