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A disputa da Copa do Mundo Feminina vai bem além do troféu

Embora o espaço e a cobertura da mídia em relação a participação feminina nos esportes ainda esteja bem aquém de refletir a potência das mulheres nesse campo, a nova edição da Copa do Mundo organizada pela FIFA promete bater recordes de audiência e dar muito o que falar. Além da taça, há muito mais em disputa. Várias outras questões extracampo estão em jogo nesse mundial, como a equidade de gênero.

Há quatro anos, após a vitória por 2 a 0 na final sobre os Países Baixos e a conquista do quarto título mundial, as jogadoras dos Estados Unidos aproveitaram o maior palco do mundo para dar voz a luta pela igualdade de salários. Com a conquista da equiparação salarial com a seleção masculina, somaram mais uma vitória. Agora, outras nações também ambicionam ganhos agregados à competição. A Inglaterra, busca o bônus relacionado ao desempenho. A Austrália, o prêmio monetário igual. Nigéria e África do Sul, chegaram à competição com reivindicações em relação à falta de pagamento. Já a Jamaica, na sua segunda participação no mundial, busca superar através de um financiamento coletivo o passado de incertezas. A Espanha ainda tem uma página a virar após a crise instalada em setembro do ano passado, quando 15 jogadoras enviaram a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) um e-mail pedindo mudanças estruturais.

O manifesto ganhou eco nas redes sociais de atletas de peso como a atual melhor jogadora do mundo, Alexia Putellas, que começou no banco na primeira partida da Espanha contra Costa Rica, e Megan Rapinoe, que disputa sua última Copa do Mundo e é líder da seleção norte-americana dentro e fora de campo. A França, adversária mais forte da chave do Brasil, embora tenha atletas experientes no time como Wendie Renard, passou por momentos conturbados às vésperas da Copa do Mundo. A crise levou à contratação do técnico Hervé Renard, que assumiu o cargo no final de março.

A busca pelo reconhecimento e poder associado

Das 32 seleções que disputam o título, oito são novatas na competição: Vietnã, Panamá, Portugal, Haiti, Filipinas, Irlanda e Zâmbia.

Elas em especial, mas também as outras, buscam provar seu valor e, principalmente, através do sucesso, fortalecer o poder de negociação. Afinal, trata-se de um mercado extremamente promissor.

Segundo dados levantados pela revista de negócios estadunidense Forbes, o valor de mercado de seleções como a da Alemanha, bicampeã mundial, está em 4,250 milhões de euros. Segundo a mesma pesquisa, a equipe brasileira, que não tem nenhum título mas conta com o valor agregado da jogadora Marta, apontada pelo jornal espanhol Marca como a mais rica da Copa do Mundo Feminina de 2023, e de outras jogadoras bem cotadas no mercado como as atacantes Debinha e Geyse, é de 2,03 milhões. O valor é bem inferior ao do time masculino, cuja cifra está em 899,5 milhões de euros. As diferenças apontadas pela Forbes também se fazem presentes e marcantes em relação às taxas de transferência e condições financeiras das ligas.

No entanto, apesar das cifras milionárias que envolvem as seleções, elas estão longe de refletir a realidade do futebol feminino brasileiro que, segundo levantamento da CBF, conta com cinco mil praticantes. Nos únicos dois times cujas jogadoras têm carteira assinada, o Santos e o América-MG, os salários mais altos não ultrapassam R$ 5mil.

Entretanto, a realidade de todas as jogadoras que disputam o Mundial é bem diferente. Mesmo as 368 atletas das 16 seleções que não forem além da fase de grupos, receberão individualmente US$ 30 mil pela participação. Já as jogadoras campeãs embolsam US$ 270 mil.

A sorte está lançada. Embora as estatísticas apontem para o favoritismo dos Estados Unidos seguidos por Inglaterra, Espanha, Alemanha e França, qualquer uma das seleções que chegue às quartas-de-final pode ser campeã. O fosso entre as equipes está cada vez mais apertado e os prêmios, convidativos. Mas, para além da disputa da taça, segue como pano de fundo a busca pela paridade de gênero.

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