Mais conhecido nacionalmente pelo seu futebol, o Vasco da Gama terá três representantes nos Jogos Paralímpicos de Paris, entre os dias 28 de agosto e 8 de setembro. Isso graças a um projeto de apoio a três modalidades paralímpicas; o futebol de sete, a natação e o vôlei sentado, que o clube desenvolve há aproximadamente 20 anos. Os vascaínos qualificados para Paris-2024 serão Lídia Cruz e Daniel Xavier Mendes, na natação, e Diogo Rebouças, no vôlei sentado.
A nadadora Lídia Cruz tem mielomeningocele, uma má-formação na coluna, que afeta os membros inferiores. Quando adolescente, sofreu uma lesão encefálica que afetou também os movimentos dos membros superiores. Ela já foi campeã mundial no revezamento 4x50m livre em 2022 e seis vezes medalhista nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023. Lídia vai completar 26 anos no dia 4 de setembro, em plena Paralimpíada.
Foto: Instagram @lidia_.cruz
Daniel Xavier Mendes já praticava natação quando chegou ao clube com 17 anos, no entanto, não competia no ambiente paralímpico. Desde os 3 anos sofre com paraparesia espástica, doença que limita os movimentos dos seus membros inferiores. Aos 22 anos, tem quatro medalhas conquistadas nos últimos dois Mundiais, uma delas de ouro.
O terceiro representante vascaíno é Diogo Rebouças, de 40 anos. Devido a um acidente de moto, foi hospitalizado. Uma infecção hospitalar levou a amputação da perna direita abaixo do joelho, em 2003. Começou a jogar vôlei sentado três anos depois e se tornou capitão do clube e da seleção brasileira. É tetracampeão dos Jogos Parapan-americanos e medalhista de bronze em 2018 e 2022.
Idealizadora e coordenadora do movimento paralímpico no Vasco, a professora de natação Lívia Prates explicou que Lídia e Daniel foram formados na base vascaína do paralimpismo, ao passo que Diogo ingressou no clube quando da criação da modalidade vôlei sentado em São Januário.
"Os dois atletas da natação entraram dentro desse cenário paralímpico na iniciação, através do Vasco. A Lídia, através da escola. O Daniel já foi para a equipe direto, mas nunca tinha competido. Podemos falar que os dois atletas hoje que estão indo pela natação foram formados pelo Vasco. E a minha projeção para os dois é que ambos vão trazer medalhas", afirmou Lívia ao site Globoesporte.com, antes de comentar sobre Diogo:
"Foi um atleta que já veio para nós, porque ele já competia, foi quando começamos a criar nosso time de vôlei paralímpico. Ele é o capitão do Vasco e o capitão da seleção brasileira. É um esporte coletivo, não temos como fazer uma perspectiva real, mas é uma modalidade também que o Brasil sempre conquista medalha."
Lívia foi contratada pelo Vasco em 2004 como técnica de natação convencional do time. Ao conhecer o então nadador Maro Brasil, que tinha uma deficiência e nadava pelo clube na natação convencional, observou que ele era um dos melhores do mundo na natação paralímpica. Então, depois de conversar com a presidência, propôs que o Vasco se cadastrasse no Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para competir nos circuitos paralímpicos. Mauro Brasil nadou nos Jogos Parapan-Americanos do Rio, em 2007, e obteve medalhas e recordes, o que serviu para impulsionar o paralimpismo vascaíno.
Desde então, o clube jamais deixou de ter representantes em Paralimpíadas ou Parapans, e seus atletas têm sempre obtido medalhas e bons resultados. Na atual diretoria, liderada pelo presidente, o ex-craque Pedrinho, o Vasco tem pela primeira vez um vice-presidente específico para o esporte paralímpico, Fábio Nogueira, o que demonstra uma evolução no tratamento do desporto paralímpico.
"As condições melhoraram muito, de todos os esportes paralímpicos. Isso eu não digo só de quem vai para Paris, mas pelas crianças, que frequentam a escola, dos bebês, dos pais que trazem os filhos com deficiência a partir de um ano de idade", encerrou Livia.
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