Até o próximo domingo, dia 8 de outubro, a cidade belga de Antuérpia será o cenário em que irão brilhar os maiores nomes masculinos e femininos da ginástica artística. O Campeonato Mundial será mais uma oportunidade de classificação para as Olimpíadas de Paris tanto para atletas individuais quanto para equipes. O Brasil está em busca de uma das nove vagas por equipes no feminino. No masculino, neste domingo, os brasileiros terminaram na 13a posição, uma posição abaixo da faixa de classificação por equipes.
No Mundial de 2022, em Liverpool, na Inglaterra, já tinham obtido vagas por equipes, no feminino: EUA, Grã-Bretanha e Canadá; no masculino: China, Japão e Grã-Bretanha. Ao todo, haverá 12 equipes completas tanto no masculino quanto no feminino, além de atletas avulsos que se classificam para o evento, mas sem as participações de suas equipes. O Brasil ainda está na luta pelas classificações por equipes. Entre as mulheres, o país está sendo representado por Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa, Julia Soares e Carolyne Pedro.
Já no masculino, Arthur Nory se classificou para a final da barra fixa e também pode garantir vaga nas Olimpíadas no próximo domingo - quando serão disputadas as finais do aparelho. Para isso, precisa superar o croata Tin Srbic. Outro brasileiro que avançou à final do individual geral foi Diogo Soares. Além de Nory e de Diogo, a equipe era formada por Patrick Sampaio, Bernardo Miranda e Yuri Guimarães. A equipe brasileira, porém, se ressentiu de dois desfalques: Arthur Zanetti, ouro olímpico em Londres-2012 e prata na Rio-2016, sempre nas argolas, não vai competir, devido a uma virose. Quem também estará de fora é Caio Souza, ginasta mais completo do país, que rompeu o tendão de Aquiles em agosto e está em recuperação. Com 245.461 pontos, 166 a mais do que o Brasil, a Ucrânia ficou com a última vaga por equipes.
No feminino, Rebeca Andrade, de 24 anos, é o destaque máximo da equipe, com duas medalhas olímpicas em Tóquio-2020: ouro no salto e prata no individual geral. Primeira brasileira medalhista olímpica neste esporte, ela coleciona quatro pódios em Mundiais. Em Liverpool-2022, obteve o ouro no individual geral, o que a coloca como a melhor ginasta do mundo na atualidade, além do bronze no solo. Em Kitakyushu, no Japão, em 2021, arrebatou o ouro no salto e a prata nas barras assimétricas. Na última sexta-feira, ela apresentou no treino de pódio - oficial, no qual os atletas apresentam tudo o que pretendem fazer na competição oficial, em termos de movimentos e coreografias. A música de sua série de solo, reúne sucessos de Anitta, Beyoncé, e fecha com uma espécie de citação ao Baile de Favela, base da apresentação nos Jogos Olímpicos.
Foto: Kenzo Tribouillard/AFP
Aos 32 anos, Jade Barbosa é a atleta mais experiente da atual seleção brasileira feminina. Em Mundiais, foi bronze no individual geral em 2007 e bronze no salto em 2010. Em 2006, ela era vista como uma promissora novata. Já comentou eventos de ginástica na TV, integra a comissão de atletas da modalidade, auxilia na coreografia das companheiras mais jovens e até dá palpites no design dos collants para elevar a autoestima das atletas femininas.
Desde 2001, o Brasil já subiu ao pódio em Mundiais de Ginástica em 19 oportunidades. Foram sete ouros, seis pratas e seis bronzes, que colocam os brasileiros acima de países como Alemanha, Holanda, Espanha e Canadá no ranking geral. Os medalhistas brasileiros foram: Diego Hypólito - ouro no solo em 2005 e 2007, prata no Solo em 2006 e bronze em 2011 e 2014; Arthur Zanetti - ouro nas argolas em 2014 e prata nas argolas em 2011, 2014 e 2018; Rebeca Andrade - ouro no individual geral em 2022 e no salto em 2021; e prata nas barras assimétricas em 2021 e bronze no solo em 2022; Arthur Nory, ouro na barra fixa em 2019 e bronze na barra fixa em 2022; Daiane dos Santos, ouro no solo em 2003; Daniele Hypolito, prata no solo em 2001; e Jade Barbosa, bronze no individual geral em 2007 e bronze no salto em 2010.
Nas Olimpíadas, o Brasil obteve seis medalhas na modalidade. Zanetti foi ouro em Londres-2012 e prata na Rio-2016, nas argolas; Rebeca, ouro no salto e prata no individual geral, em Tóquio-2020; Diego Hypólito, prata no solo, na Rio-2016; e Arthur Nory Mariano, bronze no solo, na Rio-2016.
As conquistas das medalhas em Mundiais no começo da primeira década dos anos 2000 dão ideia de que a evolução e o amadurecimento da ginástica no país são relativamente recentes. Em 2001, por exemplo, Daniele Hypolito obteve uma prata no solo em 2001, a primeira medalha brasileira na competição. Dois anos depois, Daiane dos Santos fez história, ao arrebatar o primeiro ouro brasileiro em Mundiais de Ginástica, no solo, com a célebre série "Brasileirinho".
A conquista de Daiane fez dela uma personalidade nacional - uma estrela do esporte brasileiro como um todo naquele período, e não só da ginástica - uma grande esperança da até então inédita medalha olímpica brasileira na ginástica, nas Olimpíadas de Atenas-2004. Uma pisada fora do tablado, porém, frustrou tal pretensão, e Daiane não conquistou o sonhado pódio. Se no Brasil as maiores estrelas eram as do feminino, o primeiro campeão mundial de ginástica, pelo Brasil, viria no masculino, com o bicampeonato de Diego Hypolito, nas edições de 2005 e 2007. Entretanto, em Pequim-2008, quando Diego era uma aposta de ouro olímpico, sofreu uma queda e ficou de fora do pódio olímpico. Muito do atual crescimento e estabilidade da ginástica brasileira vem das sementes de vitórias lançadas pelos irmãos Hypolito e por Daiane na primeira década dos anos 2000.
Após o Mundial da Bélgica, a ginástica brasileira tem um novo desafio, os Jogos Pan-Americanos de Santiago do Chile, que serão disputados entre 20 de outubro e 5 de novembro. A equipe verde e amarela que participa do evento das Américas ainda não está definida. Entretanto, é provável que Anitta, Beyoncé e Baile de Favela voltem a ditar o tom da apresentação de Rebeca Andrade no Chile.
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