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Da anomalia à inclusão – o críquete estará nas Olimpíadas

Por Richard Taylor



O Comitê Olímpico Internacional decidiu incluir mais uma vez o críquete como esporte olímpico! Os argumentos para a inclusão do críquete nos Jogos de Los Angeles de 2028 foram esmagadores: sua enorme popularidade na Ásia, o mercado crescente nos EUA - que será coanfitrião da Copa do Mundo de Críquete T20 de 2024 e agora tem a Major League de Críquete dos EUA - e o prêmio financeiro significativo que apresenta ao movimento Olímpico.

Não foi rápido; o COI levou 123 anos para tomar a decisão. A primeira e única aparição deste jogo nas Olimpíadas foi nos Jogos de Paris de 1900. Foi considerado uma anomalia. Apenas duas equipes competiram: Grã-Bretanha e França. Esta foi uma Olimpíada estranha – um evento discreto que durou 5 meses em torno da Feira Mundial. Os atletas amadores ficaram em segundo lugar, atrás da atividade comercial. Porém, foi a primeira Olimpíada a ter competidoras mulheres e a primeira a incluir o críquete. Dois grandes marcos alcançados.

Os franceses souberam imediatamente que isso era um erro (incluindo o críquete, não a inclusão de atletas mulheres). O críquete francês é um jogo totalmente diferente e, embora as regras tenham sido alteradas para serem especialmente complicadas e confusas para este evento, a Grã-Bretanha venceu.

Os torcedores em Paris não estavam particularmente entusiasmados com o fato de a sua equipe ter ficado em segundo lugar, embora alguns considerassem a última colocação entre dois e a medalha de prata um bom resultado. O presidente do COI, Pierre de Coubertin, coincidentemente também francês, sentiu que havia pouco interesse pelo críquete. Assim, durante mais de um século, o esporte foi excluído dos Jogos Olímpicos. E, tal como o Um Anel de Tolkien, poderoso artefato descrito em obras como O Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien, permaneceu adormecido, reconstruindo forças, à espera do seu momento na história. Agora os anéis olímpicos da superpotência esportiva acenam – daqui a 5 anos, em Los Angeles.

Não é justo dizer que o críquete esteve adormecido durante o século passado. Agora é jogado em tantos formatos, incluindo 5 dias, 3 dias, um dia de cinquenta “overs”, e T20 de vinte “overs” (lembrando que um “over” é quando 6 bolas são lançadas durante um jogo). Praticado profissionalmente em 104 países por homens e mulheres, o jogo tem tantas competições que, para alguns, ainda não está claro como será possível conciliar o atual e congestionado calendário internacional com as Olimpíadas.

No entanto, embora o palco já seja grande o suficiente, uma rápida pesquisa com fãs brasileiros e estrangeiros revelou um apoio esmagador à decisão.

A carioca Patricia Burridge, fã do esporte há 20 anos, desde que o marido, Nick, (meio inglês, meio australiano) explicou que críquete não é taco e assistir a um jogo mesmo com duração de 5 dias e empate no final poderia ser emocionante, aprovou a novidade. “Espero que isso traga mais exposição ao esporte no Brasil”, disse. O marido, Nick, acrescentou: “Estou ansioso para ver ingleses e australianos, e talvez brasileiros, espalhando o jogo no cenário global em 2028”.

Outro torcedor entrevistado, o brasileiro Fabio Caldas, comentou: “Quando era criança, o que mais gostava de jogar era o ‘taco’ com amigos em ruas então vazias de automóveis. Talvez venha daí o meu gosto pelo críquete, que adquiri quando residi na Inglaterra por vários anos. Tudo começou quando um sobrinho meu, brasileiro e fanático por esportes, me ensinou as regras … foi paixão à primeira vista! Impossível não gostar. Lembro do desespero de minha esposa com as minhas horas em frente à TV assistindo ‘test matches’! Recebi a notícia de que o críquete será esporte olímpico masculino e feminino a partir de 2028. Apesar do calor de Los Angeles, fiquei animado para dar um pulo lá e assistir alguns jogos com uma boa almofada e muito drink isotônico!”



Com uma comunidade diversificada de entusiastas do críquete, o Los Angeles Cricket Club (LACC), fundado em 1888, tem poucos, mas apaixonados seguidores. Apesar dos esforços empreendidos para promover o críquete juvenil em Los Angeles, o esporte ainda não tem o mesmo apelo com as gerações mais jovens porque compete com outro que tem o jogo mais simples, o beisebol, também incluído em Los Angeles-2028.

Embora o críquete seja jogado nos Estados Unidos desde o século 18, ainda não atingiu o mesmo nível de popularidade de países como Austrália, África do Sul, Índia e Inglaterra, onde é uma obsessão em nível nacional e local. Tanto é verdade que o desempenho no campo de críquete fazia parte da reivindicação do condado de Yorkshire de ser um país por direito próprio.“É ótimo ver o movimento olímpico reconhecendo o críquete feminino e masculino em pé de igualdade. Estou na torcida para que alguém de Yorkshire ganhe uma medalha de ouro!”, disse Rosemary Newey, moradora de Yorkshire.

Bill Ballantyne, que vive no Brasil há várias décadas, vê com bons olhos o futuro do críquete brasileiro: “O críquete está no subconsciente do brasileiro, principalmente no dos que vivem nas regiões sul/sudeste e têm recordações de terem jogado “bets”, ou tacos, nas ruas da vizinhança quando garoto. “Bets”, ou tacos, é para o cricket o que a pelada é para o futebol. As meninas do Brasil tem excelentes fundamentos para jogar a forma estruturada do “bets”, estarei na torcida por elas em 2028. As Olimpiadas são a chance para Brasil redescobrir seu amor por este jogo tradicional do país.”

O CEO do Conselho de Críquete da Inglaterra e País de Gales (BCE), Richard Gould, também opinou sobre a transformação do críquete em esporte olímpico: “É fantástico que o críquete seja incluído nos Jogos Olímpicos de 2028, num dos maiores palcos desportivos do mundo. Esta é uma grande oportunidade para levar o críquete a novas partes do mundo e permitir que mais pessoas desenvolvam o amor pelo nosso esporte”, disse.

Como mais um dos fãs do esporte, gostaria de finalizar este artigo, com a minha opinião particular a respeito da decisão do Comitê Olímpico Internacional: “Estou muito satisfeito que os Jogos contarão com o críquete masculino e feminino. Não tenho dúvidas de que a participação nas Olimpíadas irá acelerar o crescimento contínuo e rápido do jogo feminino.”


Faltam apenas 5 anos!


(abaixo versão em inglês para fãs de outras partes do mundo)


From anomaly to inclusion – cricket will be at the Olympics!


By Richard Taylor


The International Olympic Committee has decided to include cricket yet again as an Olympic Sport! The arguments for cricket's inclusion in the 2028 LA Games are overwhelming: its huge popularity in Asia, the growing market in the US — which will be co-host of the 2024 T20 Cricket World Cup, and now has US Major League Cricket — and the significant financial prize it presents to the Olympic movement.

It wasn’t quick; the IOC took 123 years, until now, to make the decision. The first and only appearance of this game in the Olympics was in the Paris Games of 1900. It was considered an anomaly. Only two teams competed: Britain vs France. This was a strange Olympics – a low key event spread over 5 months around the World Fair and the amateur athletes were a side show to the commercial activity. However, two great landmarks were achieved: it was the first Olympics to have women competitors and the first to include cricket.

The French immediately knew this was a mistake (including cricket, not the inclusion of women athletes). French cricket is an entirely different game and even though the rules were changed to be especially complicated and confusing for this one-day event, Britain won.

The crowd in Paris wasn’t particularly enthusiastic about their team coming second, although some would consider coming last out of two, and getting a silver medal, to be a good outcome. The IOC President, Pierre de Coubertin, coincidently also French, felt there was little interest in cricket. So, for over a century, the Olympics excluded itself from cricket and, like Tolkien’s One Ring, cricket lay dormant, rebuilding strength, waiting for its moment in history. Now the Olympic rings for sporting super power beckon - in 5 years' time in Los Angeles.

It's hardly fair to say cricket has been dormant during the last century - it is now played in so many formats including 5 days, 3 days, onde day fifty overs, T20 twenty overs (remembering that an “over” is when 6 balls are bowled during a game). The game is played by men and women, with so many competitions, played professionally in 104 countries, that for some the stage is already big enough. It’s not clear how the game’s current congested international calendar will cope with the Olympics! However, a quick survey of cricket fans has revealed overwhelming support for the decision.

Patricia Burridge of Rio de Janeiro says she has been a cricket fan for 20 years, ever since her husband, Nick, (half English, half Australian) explained that cricket is not taco – and watching a game that can last for 5 days, and still be a draw, can actually be really exciting. Patricia says: “I am really looking forward to seeing men’s and women’s cricket back in the Olympics for the first time in 128 years and hope that it will bring more exposure to the sport in Brazil”. Her husband Nick adds: “I’m looking forward to seeing both the English and Aussie men and women, and maybe Brazil, spreading the game on the global stage in 2028".

A Brazilian fan, Fabio Caldas, commented: “When I was a child, what I liked most was playing tacos with friends on streets that were empty of cars. Maybe that's where my taste for cricket comes from, which I acquired when I lived in England for several years. It all started when a nephew of mine, Brazilian and a fan of all types of sports, taught me the rules... and it was love at first sight! Impossible not to like. I remember my wife's despair at my hours in front of the TV watching five day 'test matches'! It is with great joy that I received the news that it will be a men's and women's Olympic sport from 2028 in hot Los Angeles and who knows, maybe I'll pop over there to watch some games with a good pillow and lots of isotonic drinks!”

Los Angeles Cricket Club (LACC), was founded in 1888, and has a small but passionate following, with a diverse community of cricket enthusiasts. Efforts have been made to promote youth cricket in Los Angeles, with initiatives to introduce the sport to younger generations and nurture talent at the grassroots level, but cricket in the US struggles to compete with the simpler game of baseball – also a new Olympic sport.

While cricket has been played in the wider United States since the 18th Century, the game has not yet reached the same level of mainstream popularity as in countries like Australia, South Africa and India and England where it is an obsession at a national and local level. So much so that performance on the cricket field was part of the county of Yorkshire’s claim to be a country in its own right. Rosemary Newey (Yorkshire through and through) says: “it’s great to see the Olympic movement recognizing both women and men’s cricket on an equal footing and I look forward to someone from Yorkshire winning a gold medal!”

Bill Ballantyne has lived in Brazil for several decades and sees hope for Brazilian cricket in the future: “Cricket is in the subconscious of Brazilians, especially those from the south/southeast regions where many have fond memories of playing “bets”, or bats, in the neighborhood streets as a boy or girl. “Bets”, or bats, are to cricket what a kickabout (pelada) is to football. The girls in Brazil have excellent foundations for playing Cricket, the structured form of “bets”, and I will be rooting for them in 2028. The Olympics is the chance for Brazil to rediscover its love for this country's traditional game.”

Fans are excited, and at a professional level the England and Wales Cricket Board (ECB) CEO, Richard Gould, says: “It’s fantastic that cricket will be included in the Olympics in 2028, putting it on one of the world’s biggest sporting stages. This is a great opportunity to take cricket to new parts of the world, and to allow more people to develop a love for our sport.”

“In particular I’m delighted that the Games will feature both men’s and women’s cricket, and have no doubt that featuring in the Olympics will accelerate the continuing and rapid growth of the women’s game.”


Only 5 years to go!

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