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Enquanto a bola rola na Oceania, o Brasil segue na disputa por uma vitória em outro campo

Eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo Feminina da Fifa, que está em andamento na Austrália e na Nova Zelândia, o Brasil quer desenvolver internamente a versão feminina do esporte que – no masculino – é a religião informal do país: o futebol. Para isso, já apresentou à Fifa sua candidatura à condição de país-sede do próximo Mundial para mulheres, em 2027. A tarefa, porém, não será assim tão fácil, já que a iniciativa brasileira terá a forte concorrência de três outras candidaturas: a da África do Sul, pela Confederação Africana de Futebol, a Caf; a da parceria Estados Unidos e México, pela Confederação de Futebol da América do Norte, Central e do Caribe, a Concacaf; e do trio Alemanha, Bélgica e Holanda, pela União Europeia de Futebol, a Uefa. Atualmente, enquanto a Copa do Mundo se desenrola na Oceania, os candidatos estão apresentando suas propostas aos países participantes deste Mundial e às confederações continentais e federações nacionais. No começo da Copa, a ministra do Esporte do Brasil, Ana Moser, esteve reunida com dirigentes australianos e neozelandeses, para apresentar as propostas do Brasil. Ainda este ano, no dia 8 de dezembro, as federações candidatas irão apresentar oficialmente seus projetos à Fifa, e em fevereiro do próximo ano, a entidade máxima do futebol irá organizar e efetuar as visitas locais aos países candidatos. Em maio de 2024, a Fifa irá publicar o relatório de avaliação das candidaturas e, no dia 17 do mesmo mês, a sede do Mundial de 2027 será anunciada oficialmente durante o Congresso da Fifa, em Bangcoc, na Tailândia. Dentre os pré-candidatos, Brasil e África do Sul fariam história, já que nunca houve uma Copa feminina na América do Sul nem na África. Já Estados Unidos e Alemanha foram os únicos que já tiveram a oportunidade de sediar o torneio feminino mais importante do Planeta Futebol. No dia 24 de abril último, a Fifa confirmou ter recebido as quatro candidaturas já citadas. No caso brasileiro, a iniciativa partiu da CBF e da Prefeitura do Rio de Janeiro. O país já havia sido pré-candidato ao Mundial de 2023, mas acabou sendo forçado a desistir, devido à falta de apoio do governo federal e à crise econômica ocasionada pela pandemia do Covid-19. O projeto atual é de autoria do Rio Convention and Visitor’s Bureau, o Rio CVB, entidade mantida pela iniciativa privada e que, dentre outras tarefas, atrai eventos para a cidade. O Rio CVB promoveu estudos que preveem a realização, na capital fluminense, de diversos eventos de esportes olímpicos até 2032, como a candidatura para sediar novamente os Jogos Pan-Americanos em 2031 – após ter patrocinado a edição de 2007 deste evento poliesportivo, reutilizando instalações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Um dos pontos considerados favoráveis à candidatura brasileira seria a expertise em torneios da Fifa, depois de ter organizado as Copas do Mundo masculinas de 1950 e de 2014, além da Copa das Confederações de 2013, com todas essas finais no Maracanã. Em março deste ano, a cidade de São Paulo havia manifestado seu interesse em também sediar o Mundial feminino, oferecendo a Arena Corinthians e o Allianz Parque, este do Palmeiras, como sedes das partidas. No mesmo período, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues enviou à Fifa a carta de candidatura do Brasil para o evento de 2027, e a ministra Moser oficializou o apoio do governo federal à campanha. O eventual Mundial de 2027 no Brasil teria partidas igualmente nas arenas de Salvador, Brasília, Cuiabá, Manaus e Fortaleza – todas estas subsedes da Copa masculina de 2014 -, além de Belém, que não foi incluída na programação de jogos há nove anos. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) desde já apoia a candidatura brasileira. Em relação aos demais continentes, a CAF é uma das patrocinadoras da campanha da África do Sul. Os dirigentes e a comunidade do futebol daquele continente estão motivados pelo sucesso em recentes torneios femininos da Fifa. A Federação Sul-Africana, que sediou a Copa das Confederações de 2009 e o Mundial masculino de 2010, cogitou lançar candidata à Copa feminina de 2023, mas acabou desistindo da campanha em 2019. Em setembro de 2022, a África do Sul apresentou-se como candidata à sede da Copa feminina. Entretanto, tumultos e casos de violência em partidas da Segunda Divisão nacional feminina poderão prejudicar todo o empenho feito. Se a África do Sul for escolhida no ano que vem, vai reutilizar as arenas do torneio masculino de 2010. Empenhados na organização da Copa do Mundo masculina de 2026 juntamente com o Canadá, Estados Unidos e México são candidatos a sediar o Mundial em parceria. Os norte-americanos, que sediaram a Copa masculina de 1994, serão co-patrocinadores do Mundial masculino de 2026 e vão organizar, em Los Angeles, as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2028. No que diz respeito aos Mundiais femininos, foram os organizadores de duas edições seguidas em 1999 e em 2003, nesta ocasião por desistência da China, devido à epidemia de síndrome respiratória aguda grave. Já o México jamais sediou uma Copa do Mundo feminina, embora tenha sido a sede de duas versões masculinas, em 1970 e em 1986, além de estar se preparando para ser co-organizador do Mundial masculino de 2026. Em abril deste ano, antes de um amistoso entre as seleções masculinas mexicana e americana, as federações nacionais destes países anunciaram a candidatura conjunta ao megaevento de 2027. A quarta e última campanha é a de um trio de países: Alemanha, Bélgica e Holanda, todos filiados à Uefa, num projeto iniciado em outubro de 2020 a ser oficializado numa espécie de pacto ainda este ano. Bélgica e Holanda já foram os países-sede da Eurocopa masculina de 2000, que os belgas já haviam organizado em 1972. A Alemanha, por sua vez, foi a sede dos Mundiais masculinos de 1974 e 2006, da Eurocopa masculina de 1988 e vai sediar outra Eurocopa em 2024. Alemães e holandeses já sediaram em conjunto partidas da multinacional Eurocopa masculina de 2020. No que diz respeito ao universo feminino, a Alemanha patrocinou a Eurocopa de 2001 e a Copa do Mundo da Fifa de 2011. Ainda em relação a competições entre mulheres, a Holanda foi a sede da Eurocopa-2017. Se a candidatura do trio for escolhida, as cidades alemãs incluídas serão as de Dortmund, Duisburgo, Dusseldorf e Colônia; as da Holanda, Amsterdam, Eindhoven, Enschede, Heerenveen e Rotterdam; além de Bruxelas, na Bélgica. Um ponto favorável seria a proximidade entre as cidades envolvidas, facilitando os deslocamentos das delegações, mídia e torcedores. Esta seria a primeira Copa do Mundo Feminina da Fifa com responsabilidades divididas por três nações.

Enquanto a bola rola na Copa do Mundo Feminina com Suécia, Espanha, Austrália, França, Inglaterra e Colômbia na disputa por levantar a taça pela primeira vez, o Brasil segue na torcida por uma vitória em outro campo.

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