Por Claudio Nogueira
Poucas vezes a expressão "fazer história" foi utilizada de forma tão apropriada. Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira e Júlia Soares inscreveram seus nomes nas páginas mais vitoriosas do esporte brasileiro, ao conquistarem nesta terça-feira, dia 30 de julho, em Paris, a inédita medalha de bronze por equipes na ginástica artística feminina, nos Jogos Paris-2024.
Foto: Miriam Jeske/ COB
Após terem passado pelos quatro aparelhos femininos da modalidade – barras assimétricas, trave, solo e salto - as brasileiras somaram 164.497 pontos, abaixo dos EUA, ouro com 171.296 pontos, e da Itália, medalhista de prata com 165.494. Para subir ao pódio, a equipe do Brasil conseguiu evoluir em relação à fase classificatória, na qual havia terminado em quarto no geral, com 166.499 pontos, atrás dos Estados Unidos (172.296), Itália (166.861) e China (166.628). Nesta terça, ao longo da competição, as brasileiras aparentemente estavam atrás das rivais, porque a rotação dos aparelhos - assimétricas, trave, solo e salto - havia deixado para o fim aqueles em que o Brasil é superior: solo e salto.
Não faltou um tempero de drama e de susto na trajetória das brasileiras. Antes mesmo do começo das provas, Flávia Saraiva sofreu um corte na sobrancelha direita, ao cair das assimétricas no aquecimento. Teve de ser atendida pela equipe médica do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e competiu com um curativo pouco acima do olho direito.
A dramática medalha foi assegurada no salto, com a participação decisiva de Rebeca Andrade, que obteve uma nota altíssima, de 15.100. Em seguida, as brasileiras tiveram de acompanhar as notas da Inglaterra na trave e da Itália, no salto, para saber se corria o risco de ser ultrapassado. As italianas asseguraram o vice-campeonato olímpico, mas as inglesas não somaram uma pontuação suficiente para superar o Brasil.
Nesta terça, Rebeca conquistou sua terceira medalha olímpica, depois do ouro no salto e da prata no individual geral, asseguradas nos Jogos de Tóquio-2020. Com suas três premiações olímpicas, a ginasta de Guarulhos se igualou à jogadora de vôlei Fofão e à judoca Mayra Aguiar, as atletas brasileiras que já tinham três medalhas no maior evento do mundo do esporte.
Com um ouro e dois bronzes, Fofão se aposentou das quadras e hoje é treinadora. Mayra, por sua vez, tem três bronzes, e vai competir em Paris no individual e por equipes, podendo chegar ao quinto pódio. Na capital francesa, Rebeca vai ter mais quatro finais individuais, podendo igualar ou superar a marca de cinco medalhas, em poder de dois velejadores: Robert Scheidt e Torben Grael, maiores medalhistas olímpicos da história do país. Grael tem dois ouros, uma prata e dois bronzes, e Scheidt, soma dois ouros, duas pratas e um bronze.
Após a apresentação, Rebeca admitiu que estava bastante cansada ao longo da rotação entre os quatro aparelhos.
"Eu estava um pouco nervosa. Estava muito cansada do solo. Confiança no trabalho não tem o que discutir", declarou. "Foi disso que tirei o 15.100 ."
A medalha de bronze por equipes confirma o amadurecimento da ginástica verde e amarela como um todo, depois de seis pódios olímpicos individuais. A primeira foi o ouro de Arthur Zanetti, nas argolas, em Londres-2012. No Rio-2016, Diego Hypólito foi prata no solo, Zanetti, prata nas argolas, e Arthur Nory, bronze no solo. Em Tóquio-2020, Rebeca Andrade foi medalhista de ouro no salto e de prata no individual geral.
Em Paris-2024, a ginástica feminina do Brasil registrou seu melhor desempenho, no que diz respeito aos números de finais, com sete classificações. A próxima final será a do individual geral, com Rebeca e Flávia nesta quinta-feira, dia 1° de agosto. Já as finais por aparelho terão início no sábado, dia 3 de agosto.
Ano passado, no Mundial, em Antuérpia, na Bélgica, a equipe feminina do Brasil já havia obtido a medalha de prata, ficando atrás da equipe campeã, a dos EUA. As francesas ficaram em terceiro na ocasião. Aos 33 anos, disputando as Olimpíadas pela terceira vez, depois de Pequim-2008 e da Rio-2016, Jade Barbosa pôde comemorar sua primeira medalha olímpica.
"Ficamos muito felizes pelo que conseguimos fazer hoje. Aconteceram várias coisas difíceis na competição, mas a gente treinou para cada situação. Isso faz uma equipe, isso faz uma família. Eu tenho muito orgulho do que construímos durante esse período. Hoje a gente colhe o resultado de muitas gerações. É até difícil acreditar.", emocionou-se a capitã da equipe.
Programação olímpica desta Quarta-feira (31)
• 3h – Triatlo feminino: Djenyfer Arnold e Vittoria Lopes
• 3h30 – Badminton simples feminino: Juliana Vieira
• 3h30 – Badminton simples masculino: Ygor Coelho
• 4h – Vôlei masculino: Polônia x Brasil
• 5h – Hipismo adestramento: João Victor Oliva
• 5h – Judô
• 5h – Tênis de mesa masculino e feminino
• 6h – Natação
• 7h – Tiro com arco: Marcus D´almeida e Ana Luiza Caetano
• 7h15 – Vela
• 9h45 – Ciclismo BMX Freestyle: final
• 10h30 – Canoagem slalom individual feminino: Ana Sátila
• 11h – Judô masculino e feminino: ouro
• 12h – Futebol feminino: Brasil x Espanha
• 12h30 – Ginástica artística individual geral masculina: final
• 10h – Canoagem slalom individual feminino: final
• 15h – Vôlei de praia masculino
• 15h30 – Natação: 2000m borboleta, 100m livre masculino e 1500m livre feminino: finais
• 17h – Boxe feminino
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