Depois da conquista do quarto título da Eurocopa pela Espanha e da quarta taça consecutiva da Copa América pela Argentina, que se tornou a maior vencedora da competição continental, com 16 taças, a expectativa dos amantes do esporte agora é pelos Jogos Olímpicos de Paris, a partir de 26 de julho. Mas o futebol começa a ser diputado dois dias antes da Cerimônia de Abertura e vai até o dia 10 de agosto. O torneio masculino terá 16 equipes e o feminino 12.
A seleção brasileira masculina, embora tenha o maior número de pódios olímpicos, não conseguiu se classificar. Portanto, a equipe feminina, que estreia contra a Nigéria no dia 25, será a única representante do país. Em entrevista exclusiva para a CBFTV, na Granja Comary, Marta, a atacante do Orlando Pride, dos EUA, ressaltou a importância da presença da torcida brasileira na capital francesa.
“Em qualquer lugar que o Brasil jogar vai ter o torcedor brasileiro presente, vai ser assim na França. Tem essa energia e a gente tem que aproveitar esse momento para trazer a torcida cada vez mais próxima da gente”, pediu. “Para que isso possa nos ajudar dentro de campo e nos motivar e para que possamos cada vez mais mostrar o nosso melhor, que é jogar com alegria, jogar com ousadia, mas também com muita garra e vontade e orgulhosas de representar a nossa seleção.”
A jogadora estará em Paris no fim deste mês para disputar pela sexta vez os Jogos Olímpicos.
“A alegria é a mesma, é sempre um prazer vestir a camisa da Seleção, representar o nosso país numa competição tão grandiosa como a Olimpíada. Com relação à primeira vez (em Atenas, 2004), há, claro, uma diferença tanto de idade quanto de experiência”, analisa. “Na minha primeira, eu tinha 18 anos e tudo era novo pra mim. Eu estava descobrindo sobre o futebol feminino brasileiro. Eu já atuava na Suécia, mas tinha pouca oportunidade de estar na Seleção, que jogava menos naquela época, os amistosos eram em menor número. Hoje, a bagagem é um pouco maior, com muito mais experiência, e isso faz com que a gente saiba da responsabilidade, mas com tranquilidade.”
De acordo com a atleta, houve grandes mudanças no futebol feminino brasileiro no que diz respeito à estrutura dos clubes, da seleção feminina e, também, em relação à abordagem do futebol feminino em nosso país:
“Vejo como realmente as pessoas estão empolgadas com o momento da modalidade e acreditam que possa melhorar cada vez mais, acompanham as meninas e têm uma facilidade maior de ter notícias sobre o futebol feminino no país. Hoje, a mídia fala mais, naquela época não tínhamos isso.”
O elenco dirigido pelo técnico Artur Elias vai lutar pelo terceiro pódio olímpico. A camisa 10 colaborou com a seleção brasileira nas conquistas das medalhas de prata em Atenas-2004 e Pequim-2008. Agora, compartilha com elenco o sonho de chegar ao alto do pódio.
“Não vai faltar vontade, garra pra gente ir em busca desse sonho, que não é só das atletas, mas de uma nação. Estamos trabalhando muito e acredito que teremos a oportunidade de mostrar isso desde o primeiro momento quando estivermos na Olimpíada, que é uma competição difícil, de muito equilíbrio.”
Foco para atingir o objetivo
Eventuais cobranças não assustam a estrela do futebol internacional, já que toda a seleção sabe que vive num país em que o futebol é o maior esporte.
“É normal que haja cobranças. O nosso trabalho é aqui, sabemos do nosso potencial, conhecemos cada vez mais as nossas companheiras e conseguimos entender a cada dia a maneira que nosso professor (Arthur Elias) quer que a gente se imponha dentro de campo. Isso é o mais importante”, afirmou ela, otimista em relação ao trabalho de Elias:
“Ele é um cara que consegue deixar muito claro o objetivo dele aqui. Não consigo vê-lo com dúvidas, ele tem muita certeza do que quer fazer na Seleção. Está passando diretamente isso para as atletas e eu acho que a gente está assimilando tudo muito bem. É tentar captar o máximo possível de informação para que possamos desempenhar o melhor dentro de campo.”
Ao ser perguntada sobre como se mantém em evidência, aos 38 anos, a alagoana de Dois Riachos explica como continua em alta.
“O (segredo para se manter em alto nível) é o foco. Não adianta eu querer acelerar o processo. Sempre fui muito de pensar no que posso fazer hoje pra ser melhor amanhã”, relatou, antes de concluir:
“Sempre fui uma atleta que procurei manter o foco no meu objetivo, nunca satisfeita, achando que poderia melhorar e aprender não só comigo, mas principalmente com as pessoas ao meu redor. Porque a gente pratica um esporte coletivo e é importante extrair o melhor de cada desafio para que possa encontrar unidade na equipe.”
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