"Nunca confie em ninguém, muito menos nas mulheres, assim você viverá mais". A frase célebre do romance histórico Os Três Mosqueteiros, do francês Alexandre Dumas, não poderia ser mais dissonante do momento atual, quando boa parte das esperanças de medalha na esgrima em Paris 2024 estão depositadas no manuseio da espada de Nathalie Moellhausen.
E, num mundo em que vale mais parecer do que ser, a esgrimista não se importa em ser mais uma a usar máscaras para conquistar seus sonhos ou mesmo superar seus medos.
Foto: Instagram@nathaliemoellhausen
Afinal, ela está acostumada a performar, seja nas pistas onde são disputados os combates da esgrima ou nas passarelas. Filha da estilista ítalo-brasileira Valeria Ferlini, Nathalie respira moda desde que nasceu. Chegou, inclusive, a desfilar para grifes italianas importantes como Dolce & Gabbana e Alberta Ferretti, mas acabou escolhendo uma outra capital global da moda, Paris, para se estabelecer e gerir a carreira desportiva e artística.
No site https://5touches.com/, o bom gosto da mascarada está em todas as peças, das vestimentas, aos acessórios e material de treinamento. Além de atleta, Nathalie também atua como produtora artística e chegou a dirigir eventos para Federação Internacional de Esgrima no Grand Palais, em Paris. Em cada movimento da vida, a esgrimista de 37 anos que nasceu em Milão mas tem também a cidadania brasileira, procura dar vazão ao potencial artístico.
Vivendo em Paris desde 2006, cursou filosofia na mais conceituada universidade francesa, a Sorbonne. Durante alguns anos ela defendeu as cores da Itália na esgrima e conquistou medalhas de ouro e bronze por equipes azurra em mundiais além de um bronze individual.
A oportunidade de representar o Brasil surgiu em 2014 e, de lá pra cá, vem ajudando a alavancar o esporte no país. Em 2015 conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e, nas Olimpíadas de 2016, chegou às quartas-de-final, melhor resultado do Brasil. Também foi responsável pela inédita conquista em 2019 do título mundial de espada, na Hungria. Embora a expectativa pelo desempenho da esgrimista em Tóquio-2020 fosse alta, ela acabou sendo eliminada logo na estreia.
Mas, agora, na quarta participação nos Jogos Olímpicos, terceira pelo Brasil, ela sonha em se aposentar do esporte em grande estilo, se possível conquistando a primeira medalha olímpica de esgrima do Brasil, país pelo qual nutre uma profunda ligação desde a infância.
O momento não poderia ser mais propício já em 2024 a esgrima feminina olímpica completa 100 anos. Como em 1924, o centenário será celebrado na capital francesa. Além disso, Nathalie vem de um ano muito positivo. Número 1 do Brasil e sexta melhor espadista do mundo, a atleta do Pinheiros (SP) somou duas grandes conquistas em eventos do circuito internacional, o Grand Prix do Catar, em janeiro, e, no mês seguinte, a Taça Cidade de Barcelona. Uma medalha em Paris alçaria Nathalie à condição de super-heroína olímpica. Mas, por ora, ela se contenta em ser heroína de si mesma e do projeto Be the hero of yourself, que através de máscaras de esgrima com rostos de heróis pintados pelo artista brasileiro Eduardo Kobra, conta a história de grandes personalidades como Madre Teresa de Calcutá e Mahatma Gandhi.
Foto: Instagram @nathaliemoellhausen
Be the hero of yourself, seja seu próprio herói, passa pela demonstração concreta daquilo que eu faço - a minha carreira, as minha vitórias -, que é possível ser herói de si mesmo. Ser herói de si mesmo não é uma coisa fácil. Então, a minha ideia com esse projeto é trazer inspiração através de ações", define a heroína Nathalie.
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