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O trigésimo aniversário de um sonho dourado que virou realidade

Por Miguel Ângelo da Luz


Há 30 anos, eu tinha 35 anos e um sonho: conquistar o mundo.

Mas esse não era um sonho utópico apenas: A mim tivera sido confiado o papel de técnico de uma das gerações mais talentosas que já existiram no nosso país.

"Quem é esse cara?", "Que desperdício colocar essa geração sob o comando de alguém tão novo que não vai saber o que fazer!".

Olhando para trás, eu consigo entender a desconfiança e (algumas) críticas (que não foram poucas) com as quais fui acolhido pela imprensa e pares. Cabelos brancos ainda são a principal fonte de credibilidade. E naquela época eu não tinha nenhum. Mas, para ser sincero, hoje eu até agradeço todo aquele "carinho": aquilo foi o meu principal combustível.


Eu sabia que eu estava cercado de uma comissão técnica focada em resultados, mas ao mesmo tempo muito humana, ingrediente essencial para o sucesso.

Eu sabia do potencial das jogadoras: eu e o mundo já conhecíamos as brilhantes Paula e Hortência e a mágica com que elas conseguiam fazer parecer que era fácil. Mas eu sabia também da raça da Alê e da Simone, da ousadia da Janeth e da Leila, da força da Ruth e da Cyntia, da inteligência da Helen e da Adriana, da versatilidade da Roseli e da Dalila.

Talvez isso muitos dos que riram naquela sala de conferência de imprensa não sabiam. Ali ouviu-se uma grande risada, após minha resposta à pergunta "Qual resultado você espera alcançar nesse Mundial?" ter sido "Nós vamos ser campeões."


Tudo bem que até então apenas EUA e União Soviética tinham sido campeões daquela competição. Mas eu tinha certeza, desde a escalação das nossas 12 heroínas, que tínhamos todas as credenciais para entrar para esse seleto clube.


O resultado está aí. Ninguém muda a história. Passados 30 anos, os meus cabelos (esses sim mudam!) agora estão brancos. Mas a medalha que trouxemos da Austrália continua dourada.



Obrigado a Sérgio Maroneze, Hermes Balbino, eternos Waldyr Pagan e Sergio Barros (in memorian), Raimundo Nonato, prof. Renato Brito Cunha, Dra. Marly, Marisia, José Pedro, Eduardo Augusto(árbitro), Marcelo Barreto( jornalista) e Juarez Araújo (jornalista).

Obrigado a Hortência, Helen, Adriana, Leila, Paula, Janeth, Roseli, Simone, Ruth( in memorian), Alessandra, Cyntia e Dalila.

Vocês realizaram meu sonho. Vocês mudaram a minha história.



Geração de ouro homenageada na NBA House


No link abaixo, entrevista recente do técnico Miguel Ângelo da Luz falando sobre a conquista que entrou para história do basquete brasileiro.




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