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Paris-2024 terá, pela primeira vez na história das olimpíadas, igualdade no número de atletas mascul

A partir deste dia 26 de julho, falta exatamente um ano para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, que irão se entender entre os dias 26 de julho e 11 de agosto de 2024. Graças a uma série de ações coordenadas entre o Comitê Organizador dos Jogos, federações internacionais esportivas e comitês olímpicos nacionais, sob a liderança do Comitê Olímpico Internacional (COI), Paris-2024 será a primeira edição dos Jogos Olímpicos a ter a absoluta paridade na quantidade de atletas masculinos e femininos. Ou seja, 50% de atletas de cada gênero.

Isso já bastaria para tornar históricos os Jogos Olímpicos do próximo ano. No caso de Paris-2024, a 33ª Olimpíada da Era Moderna, está prevista a participação de 10.500 competidores, levando à conclusão de que serão 5.250 homens e um igual número de mulheres. Para que se tenha uma ideia, em Tóquio-2020 (evento adiado para 2021 devido à pandemia da Covid-19, a participação feminina foi de 48,8%. Antes, nas Olimpíadas brasileiras, a Rio-2016, havia 45,6% de atletas mulheres.

Para chegar à futura meta de 50% + 50%, o COI teve de aumentar o número de esportes mistos de 18 – dos Jogos de Tóquio – para 22, além de reduzir o total de eventos de 339 em Tóquio, para 329 em Paris. Assim, na capital francesa, haverá mais uma prova mista de atletismo, uma categoria a mais no boxe feminino, provas mistas de iatismo e de tiro esportivo, além de duas provas de canoagem slalom extremo.

“Com esse programa, nós estamos ajustando os Jogos Olímpicos de Paris-2024 para o mundo pós-Coronavírus. Além disso, estamos reduzindo o custo e a complexidade de sediar os Jogos. Embora tenhamos praticamente alcançado a igualdade de gênero em Tóquio-2020, veremos pela primeira vez na história olímpica exatamente o mesmo número de atletas masculinos e femininos”, declarou o presidente do COI, Thomas Bach, em 2020, quando do anúncio do projeto de paridade de gêneros.

Tal paridade de gêneros não desceu do Olimpo, como algo gratuito. A luta das desportistas femininas por essa conquista foi tão longa quanto árdua. Remonta à segunda edição dos Jogos Olímpicos, em Paris-1900, quando havia 22 atletas femininas em comparação a 975 homens. Na ocasião, elas só puderam competir em cinco esportes: iatismo, tênis, golfe, hipismo e croquet (esporte surgido na Irlanda que hoje não mais integra o programa olímpico).

Neste longo e pedregoso caminho, entraria em ação a jornalista e remadora francesa Alice Milliat, atualmente homenageada na fundação que leva seu nome e mantém o site https://www.fondationalicemilliat.com. Revolucionária para sua época, Milliat criou a Federação Esportiva Feminina Internacional (Fefi). Depois de ter-se empenhado, sem sucesso, em convencer o COI quanto à inclusão de mulheres em esportes considerados mais tradicionais, ela própria organizou, em 1922, os Jogos Olímpicos das Mulheres, reeditados em 1926, 1930 e 1934, sob o nome de Jogos Femininos Mundiais. Tal sucesso levou o COI a rever alguns conceitos e a incluir atletas femininas no atletismo nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdam.

No caso dos países das Américas, coube à nadadora brasileira Maria Lenk, em Los Angeles-1932, tornar-se a primeira atleta sul-americana a competir numa edição dos Jogos. Em Berlim-1936, as mulheres foram incluídas oficialmente como atletas olímpicas, motivo pelo qual a Federação Esportiva Feminina Internacional (Fefi) acabaria sendo dissolvida, pelo entendimento de que havia cumprido seus objetivos.

Entretanto, havia ainda uma enorme desproporção entre o número de homens e o de mulheres. Em 1968, na Cidade do México, por exemplo, eram apenas 781 atletas femininas, ou seja 14% do total de participantes. A situação começaria a mudar, mais efetivamente, na década de 1980 e, no começo do Século 21, torna-se praticamente inadmissível – perante a comunidade esportiva e a própria opinião pública o desequilíbrio entre competidores homens e mulheres.

Em 2004, em Atenas, as mulheres se tornaram 40% dos atletas olímpicos. Em Tóquio, como citado anteriormente. a divisão foi praticamente igual. Finalmente em Paris, que no ano que vem sedia pela terceira vez os Jogos Olímpicos – após os Jogos de 1900 e de 1924 – as desportistas femininas vão ter a tão sonhada e suada paridade com seus colegas do sexo masculino. Para coroar a festa, as jogadoras de futebol, que num passado recente eram proibidas de pisar nos gramados, vão disputar pela primeira vez na história a final olímpica depois dos homens, que, em anos anteriores, tradicionalmente encerravam a disputa.

Etapas no processo de paridade entre homens e mulheres nos Jogos, de acordo com o site Olympics.com, oficial do COI:

*Paris 1900: atletas femininas participaram pela primeira vez dos Jogos Olímpicos, quatro anos após os primeiros Jogos da era Moderna, realizados no ano de 1896 em Atenas.

*1996: promover as mulheres se torna uma missão do COI e é consagrada na Carta Olímpica.

*Tóquio 2020: a última edição dos Jogos – realizada em 2021, devido à pandemia do coronavírus – foi a mais equilibrada em termos de gênero até o momento, com 48,7% de atletas mulheres. Em Tóquio-1964, esse número fora de apenas 13%.

*Tóquio 2020: seguindo uma mudança de regra permitindo que um atleta masculino e uma feminina carregassem sua bandeira juntos durante a Cerimônia de Abertura, 91% dos CONs tiveram uma porta-bandeira feminina.

*Tóquio-2020: três disciplinas atingiram o equilíbrio de gênero (BMX, mountain bike e luta livre).

*Pequim-2022: os últimos Jogos Olímpicos de Inverno foram os mais equilibrados em termos de gênero até o momento (no que diz respeito ao megaevento de Inverno), com 45% de atletas do sexo feminino.

*Paris-2024: dos 10.500 atletas participantes dos Jogos, serão 5.250 homens e 5.250 mulheres. Serão os primeiros Jogos a atingir a paridade de gênero em termos de número de atletas.

*Atualmente, a participação feminina no COI é de 40%, acima dos 21% no início da Agenda Olímpica 2020.

*Jogos Olímpicos da Juventude: os Jogos da Juventude Buenos Aires 2018 e os Jogos da Juventude de Inverno Lausanne 2020 atingiram a igualdade de gênero na participação geral dos atletas (2.000 atletas por gênero em 2018 e 936 em 2020).

*A representação feminina no Conselho Executivo do COI é de 33,3%, contra 26,6% antes da Agenda Olímpica 2020. *Um total de 50 por cento das posições dos membros das comissões do COI são ocupadas por mulheres desde 2022, bem acima dos 20,3% antes da Agenda Olímpica 2020. Além disso, 13 das 31 comissões foram presididas por mulheres em 2022, um recorde na história do organismo.

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