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Pesquisa mostra redução de 18% no apoio dos parisienses às Olimpíadas de 2024

O mau humor dos parisienses é tão folclórico e tão internacionalmente conhecido quanto a própria beleza de Paris. Ao mesmo tempo em que sobram fotos e vídeos das belezas da Cidade Luz, também chovem casos e piadas sobre o azedume dos moradores da capital francesa, que nunca parecem muito dispostos a dar informações ou a serem simpáticos com os turistas. O motivo da irritação dos habitantes de Paris agora são as olimpíadas, previstas para ocorrerem entre 26 de julho e 11 de agosto do ano que vem na cidade. Uma pesquisa recente apontou a redução de 18% no percentual de apoio à realização do megaevento.

De acordo com o levantamento da empresa especializada Odoxa, que ouviu 1.005 franceses acima de 18 anos, residentes na Grande Paris, 58% consideram que os Jogos serão algo positivo para o país, uma redução de 11% no trimestre compreendido entre março e julho deste ano, e de 18% no período de 18 meses entre janeiro de 2022 e junho deste ano. Ainda conforme as pesquisas, tal queda na percepção positiva das Olimpíadas se baseia em alguns pontos como os preços dos ingressos, considerados demasiadamente elevados, bem como o “aumento da preocupação e do sentimento de despreparo da população a um ano do evento”.

Talvez tenha influenciado nas respostas o aumento de um debate interno, no último mês de junho, a respeito de corrupção. Além disso, os consultados demonstraram uma perda na confiança sobre a forma como os Jogos vão ou não contribuir para o crescimento da influência global da França e sobre sua capacidade de gerar emprego. Neste sentido, 9% das pessoas ouvidas pela pesquisa consideram que a França irá aumentar essa influência e apenas 5% acreditam que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (de 28 de agosto a 8 de setembro) irão proporcionar um aumento na oferta de empregos.

Outras subdivisões da pesquisa demonstraram que 64% dos entrevistados estão apreensivos com sua segurança durante os Jogos; 66% se disseram preocupados com o sistema de transporte e 71% afirmaram temer o impacto ambiental causado pelo megaevento. Um pouco mais da metade dos consultados, 52%, anteciparam que irão assistir aos Jogos pela TV.

Polêmicas à parte, outro estudo, realizado pelo Centro de Direito e Economia do Desporto (CDES) da Universidade de Limoges, estimou que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024 poderão gerar 10,7 bilhões de euros (cerca de R$ 52,77 bilhões) em impacto econômico, além de criar 250 mil empregos em Paris e na região ao redor da capital francesa.

Considerada a cidade mais visitada do mundo, com 30 milhões de turistas estrangeiros ao ano, a capital francesa deverá atrair três milhões de pessoas especificamente por causa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, de acordo com a Euromonitor International, empresa especializada no setor. Ainda segundo a mesma companhia, somente com turismo deverão ser gastos na capital olímpica e paralímpica, no período dos Jogos, 4 bilhões de euros, cerca de R$ 21,11 bilhões. De forma geral, a mesma companhia calcula em 15 milhões o total de visitantes à cidade olímpica, somando-se os turistas nacionais e estrangeiros.

As Olimpíadas e Paralimpíadas do ano que vem deverão deixar um legado para a capital francesa e para o país como um todo. Um dos símbolos da cidade, reconhecido internacionalmente, o Rio Sena, que funciona como uma espécie de escape da rede de esgoto local, está passando por um processo de remodelação, de modo a poder servir de palco da cerimônia de abertura e das competições de maratona aquática, triatlo e paratriatlo nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para isso, o governo local vem investindo 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 7,9 bilhões) há quatro anos num gigantesco reservatório com 34 metros de profundidade e 50 metros de largura, com capacidade equivalente à de 20 piscinas olímpicas - ou 45 mil metros cúbicos de água - para escoamento do esgoto.






Esta obra está prevista para ser inaugurada no segundo trimestre do ano que vem, a tempo da realização dos Jogos. Vale lembrar que a natação no Rio Sena está proibida há mais de cem anos, mas sua reforma está sendo vista como um dos maiores legados das Olimpíadas e Paralimpíadas para a capital que é considerada uma das cidades mais belas do mundo, apesar do folclórico e pitoresco mau humor de seus moradores.

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