Por Mariana Canedo
Mais do que um desejo, envelhecer com qualidade de vida nunca foi tão necessário.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre 2012 e 2021 o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no Brasil caiu 5,4%. No mesmo período, a população brasileira cresceu 7,6%, chegando a 212,7 milhões em 2021. O grupo etário com 30 anos ou mais pulou de 50,1% da população do país em 2012 para 56,1%, em 2021. Em dez anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais também aumentou substancialmente, passando de 11,3% para 14,7% da população.
O envelhecimento populacional pode ser explicado por dois fatores: o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade. Estudos do IBGE apontam que, em 2050, o Brasil terá aproximadamente 30% de pessoas acima de 60 anos.
Entre as atividades sugeridas para abrandar os efeitos do processo natural de envelhecimento, a prática de esportes tem posição de destaque. Estudos consolidados em edições do Congresso Nacional de Envelhecimento Humano apontam evidências de que a prática regular de exercícios contribui para um envelhecimento saudável. Informação que está sendo amplamente divulgada também pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, que usa as redes sociais para dar eco à mensagem.
“Hoje o grande desafio do idoso é prevenir a questão demencial, a perda cognitiva. Foi feita uma pesquisa agora que quanto mais você trabalha as pernas, menor as chances de desenvolver demência. Todas as pessoas que passaram dos 60 anos tem que malhar perna.Essa musculatura é fundamental para que seu cérebro se mantenha ativo. As pernas têm conexão direta com a área do cérebro que evita demência”, explica.
Entrevistas realizadas com atletas máster que participaram dos National Senior Games, nos Estados Unidos, demonstraram que embora todos tenham experimentado um declínio na capacidade física e competitividade, eles foram capazes de lidar melhor com o processo de envelhecimento, ressignificando suas metas e buscando um novo nível de envolvimento com o corpo e o esporte.
Segundo artigo desenvolvido por pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Envelhecimento da Universidade Federal do Paraná, os impactos dos exercícios físicos podem contrabalançar as perdas típicas da idade. Mesmo não atletas, que realizam atividades moderadas como o Tai Chi Chuan, costumam apresentar taxas menores de ansiedade e depressão.
Mas, independentemente da atividade escolhida, o importante mesmo é se mexer. Aos 64 anos, o campeão olímpico Djan Madruga, bronze no revezamento 4×200 livre nadando com Cyro Delgado, Marcus Mattioli e Jorge Fernandes nos Jogos Moscou, em 1980, já não se contenta com apenas um esporte.
“Treino variando três esportes: natação, surfe e ciclismo. Nessa idade não tenho mais paciência para treinar apenas natação diariamente. A variação dos esportes me ajudou muito mentalmente”, conta o nadador que em junho bateu o primeiro recorde mundial do ano nos 1500m livre categoria 65+ na abertura do Troféu Brasil Masters de Natação e, no início deste mês de agosto, voltou a estabelecer um novo recorde mundial para os 800m nado livre competindo nos Estados Unidos.
Djan Madruga de bem com a vida aos 65
Esse Campeonato Nacional Americano Master contou com 1178 inscritos, sendo 14 atletas olímpicos e cinco medalhistas. Todos desafiaram os estereótipos associados à idade apresentando excelentes desempenhos com tempos bem próximos aos de atletas bem mais jovens.
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