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Xavier vira Hulk e, com inspiração e transpiração, faz do Brasil hexacampeão mundial de futsal

Acabou a espera. Nasceu a criança, e desde o último domingo, dia 6, há seis estrelas brilhando na constelação do Brasil. No que foi denominado o maior jogo de futsal da história, a seleção brasileira conquistou o hexacampeonato mundial, ao derrotar a equipe da Argentina por 2 a 1,  emTashkent, no Uzbequistão. Os gols da partida histórica foram de Ferrão e Rafa para o Brasil, e de Matias Rosa para a Argentina. 

     Antes de se sagrar hexacampeão, o Brasil vencera em cinco ocasiões: 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012.  Antes de vencer os argentinos na final, o time comandado por Marquinhos Xavier venceu todos os adversários. Na semifinal, o Brasil derrotou a Ucrânia. Antes disso, os brasileiros venceram Marrocos, Costa Rica, Tailândia, Croácia e Cuba. Na disputa do terceiro lugar, a Ucrânia goleou a  França por 7 a 1. Foi o melhor resultado da equipe do este Europeu em uma edição do Mundial. 

    Embora os artilheiros costumem ser os atletas mais elogiados, o destaque verde e amarelo na decisão foi o goleiro Willian, com pelo menos dez defesas difíceis. A Argentina deu 26 chutes certos na direção do gol, contra 11 dos brasileiros. O camisa 3 acabou se transformando na Muralha de Tashkent. 

    “ É difícil ser goleiro da seleção brasileira. É uma pressão muito grande. Mas tudo é força que vem de dentro, que vem da minha família. Eu tenho um primo que também é atleta e ontem ele me mandou uma mensagem falando assim ‘vai lá e realiza o nosso sonho de criança’. Essa conquista é para todos da minha família, tudo que eu deixei em quadra hoje com meus companheiros é para vocês que nos deram toda a força”, ressaltou Willian. “Só tenho que agradecer muito ao grupo, agradecer ao departamento de goleiros. É muito difícil estar jogando na frente do Guitta, porque ele é um dos melhores da história (Guitta havia participado também do título de 2012, antes do de agora), e foi de uma humildade gigantesca. Ele e o Roncaglio, que são nossos outros dois goleiros, me deram todo o suporte durante essa Copa do Mundo”, afirmou, exaltando o elenco pela conquista. 

       Autor do primeiro gol, o pivô Ferrão não escondia a felicidade pela conquista. 

    “É uma grande felicidade fazer parte desse grupo, desde o começo da competição a gente demonstrou essa união, essa força, sentindo todo o povo brasileiro que nos deu apoio. O Brasil está de novo onde sempre mereceu estar, que é campeão do mundo”, enfatizou o atleta que, em agosto do ano passado lesionou o tendão de Aquiles da panturrilha esquerda e ficou quase um ano afastado das quadras em recuperação.  

   Com a vitória, o Brasil também obteve a revanche da derrota para a equipe albiceleste na semifinal da Copa de 2021. Arquiteto da campanha vitoriosa, o técnico Marquinhos Xavier declarou que o troféu foi resultado de muita inspiração e transpiração.  

    “Aqui está o DNA do nosso país. Viemos aqui plantar palavras de otimismo. Fomos hexa no beach soccer, e agora somos hexa no futsal. Então, vamos ajudar o futebol também.  Não sei porque tanto ódio...Escolhas são escolhas...A união foi a tônica desta seleção, que veio aqui pôr esta bandeira do topo – afirmou , dedicando o título à família e à memória do falecido treinador de futsal Ferretti.  

    Xavier costuma trabalhar nos jogos com blazer e roupas escuros. No domingo, depois da decisão, foi visto com o braço direito de sua camisa social rasgado. Perguntado sobre o que havia acontecido, respondeu: 

    “Sou o incrível Hulk. Eu me transformei...” 

     No Mundial do Uzbequistão, a seleção brasileira teve o melhor jogador, Dyego; o artilheiro, Marcel, com 10 gols; e o melhor goleiro, Willian.  Marlon ficou com a chuteira de prata, como segundo melhor atleta do torneio. 

    *O grupo do hexa é formado por:

Goleiros - Guitta, Diego Roncaglio e Willian (eleito o melhor goleiro da Copa); Fixos - Marlon (2º melhor jogador do Mundial) e Neguinho; Alas - Dyego(melhor jogador do torneio), Leandro Lino, Felipe Valério, Arthur, Marcel (artilheiro da Copa) e Marcênio; Pivôs - Ferrão, Pito e Rafa Santos. 

Foto: Alex Caparros/ Fifa


 Independentemente do resultado final, a decisão, que levou 12 mil pessoas à Humo Arena, na capital uzbeque, e foi transmitida para milhões de pessoas pela TV e pela Internet, não poderia ser um cartão de visitas melhor para o novo projeto da Fifa. Durante o campeonato, a entidade anunciou ter apresentado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) um apelo para inclusão do futsal e do beach soccer (futebol de areia) no programa esportivo das Olimpíadas. A proposta foi aprovada em reunião do Conselho da federação internacional na última quinta-feira, dia 3, na cidade suíça de Zurique. No domingo, dia 6, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, assistiu à finalíssima no ginásio em Tashkent.  

    O sonho da comunidade do futsal de ver seu esporte incluído no programa olímpico é bem antigo, mas esta será a  primeira vez que a própria Fifa faz junto ao COI uma representação oficial pela inclusão deste esporte na lista de modalidades olímpicas.   

    Na recente reunião da Fifa foram traçados objetivos estratégicos para o ciclo até 2027. Entre eles, a intenção de fazer  uma proposta formal pela inclusão do futsal e do futebol de areia no programa olímpico. Afirma, textualmente o documento: 

      "Dados os níveis de participação ao redor do mundo, a Fifa também vai propor que tanto o futsal quanto o futebol de areia sejam considerados como disciplinas distintas do futebol nos Jogos Olímpicos daqui em diante". 

     O mesmo texto antecipa que a Fifa pedirá ao COI o aumento de equipes participantes no torneio de futebol feminino de campo, de 12 para 16.  A Fifa organiza Copas do Mundo de futsal desde 1989 e de beach soccer desde 2005. O Brasil também é hexacampeão mundial no futebol de areia. O sexto título foi conquistado este ano nos Emirados Árabes Unidos. 

  


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