Prestes a lançar obras sobre Ronald Reagan e o Papa João Paulo II, ex-atleta olímpica afirma que “silêncio não é uma opção” em temas relacionados ao esporte feminino
Por Mariana Canedo
No último sábado (19), a ex-atleta olímpica Ana Paula Henkel deu mais um passo em direção a consolidação de seu nome na história do voleibol mundial. Foi eleita com votação popular recorde para o Hall da Fama do Vôlei (IVHF, em inglês), na cidade de Holyoke, Massachussets, nos Estados Unidos. Junto com o técnico José Roberto Guimarães, agora tem sua imagem eternizada no Hall da Fama, um espaço fundado com o compromisso de “homenagear lendários, reconhecer seus méritos e preservar a história do voleibol”.
Ana Paula Henkel tem 52 anos e entrou para o Hall da Fama na categoria vôlei de praia, apesar de ter começado sua carreira como jogadora nas quadras. Participou dos Jogos Olímpicos de Barcelona 92 e conquistou uma histórica medalha de bronze olímpica, nos Jogos de Atlanta em 96. Foi prata no Mundial de Vôlei de 94 e tricampeã do Grand Prix. Nas areias participou de mais duas edições dos Jogos: Atenas 2004 e Pequim 2008.
“Esporte feminino não é somente sobre competição, mas sobre igualdade, empoderamento e a chance de toda atleta brilhar em um campo de jogo limpo. Por décadas, mulheres lutaram pelo direito de competir e precisamos proteger o que foi alcançado. No esporte, jovens garotas sonham alto, constroem confiança e quebram barreiras em diversas áreas da vida. Vamos deixar as portas abertas a todas e protegê-las. Silêncio não é uma opção”, disse Ana Paula, reforçando sua posição contra a inclusão de atletas trans no esporte feminino.
Após encerrar sua carreira no voleibol, Ana Paula fixou residência nos Estados Unidos, onde fez mestrado em ciência política pela Universidade da Califórnia. Conquistou espaços de destaque na mídia como comentarista na rede Jovem Pan, no programa Os Pingos nos Is, onde permaneceu até 2022, e teve um blog no jornal Estado de São Paulo. Atualmente, Ana Paula é analista política do programa Oeste sem Filtro, canal do YouTube com mais de 2 milhões de inscritos.
Em agosto deste ano, durante os Jogos Olímpicos de Paris, a ex-jogadora deu uma declaração ao Oeste sem Filtro apoiando o posicionamento da Federação Internacional de Boxe, que condenou o Comitê Olímpico Internacional por permitir que atletas consideradas inelegíveis pela federação disputassem as provas femininas de boxe nas Olimpíadas.
“Não se trata de uma guerra cultural, mas de uma guerra declarada contra as mulheres. E todos que batem palmas para isso são covardes, misóginos, e são declaradamente contra as mulheres. A atitude de vocês desnuda a hipocrisia desse falso discurso de proteção as mulheres”.
Na ocasião, Ana Paula falou que várias atletas universitárias nos Estados Unidos estão perdendo para homens bolsas que custam milhares de dólares.
“Não adianta abrirmos programas especiais sobre isso com todos os especialistas, todos os médicos falando a mesma coisa, que a biologia humana não é de esquerda nem de direita, é a biologia humana e fim. XY e XX”, disse.
Foto: Instagram @anapaulavolei
Como pesquisadora associada do Instituto Ronald Reagan, Ana Paula Henkel está em vias de lançar obras sobre o ex presidente americano e sobre o Papa João Paulo II. Em suas pesquisas e estudos, Ana Paula descobriu uma afinidade desenvolvida entre os dois após os atentados sofridos com um curto intervalo de tempo. O atentado contra Reagan foi em 31 de março de 1981, e o contra o Papa, em 13 de maio do mesmo ano.
Ronald Reagan e o Papa João Paulo II eram movidos pela fé e compartilhavam alguns posicionamentos políticos. Para João Paulo II, as aparições de Nossa Senhora em 1917, marcaram sua vida. Como protestante, Ronald Reagan não tinha a devoção católica à Virgem Maria, mas compreendeu o significado dela para João Paulo II e, em cumprimento a um desejo expresso compartilhado com a mulher Nancy, a canção “Ave Maria” foi cantada em seu funeral.
Em entrevista a Revista Oeste, Ana Paula falou sobre como surgiu a motivação para produzir o documentário sobre o pontífice.
“Fiquei de molho após uma cirurgia no ciso e vendo o Instagram percebi uma aflição religiosa nas pessoas. Conversando com algumas, comecei a sugerir que lessem as encíclicas de João Paulo II e percebi que elas voltavam mais calmas.”
Confiante no poder do legado pacificador de João Paulo II, que em seu funeral reuniu muçulmanos, protestantes, judeus e ortodoxos, Ana Paula aposta no sucesso do documentário que será lançado até o fim do ano, se possível, antes do Natal.
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