Agora é oficial. O Brasil é candidato a sediar a Copa do Mundo Feminina da Fifa, em 2027. A candidatura verde e amarela foi homologada pela entidade internacional do futebol no último sábado, dia 9. Duas outras campanhas visam a conquistar o mesmo objetivo. Uma delas é a de Estados Unidos e México; e a outra reúne Alemanha, Bélgica e Holanda. No caso brasileiro, o megaevento teria partidas em dez cidades: Brasília (local da partida de abertura), Rio (local da final), São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Cuiabá, Manaus e Fortaleza.
Se o Brasil for escolhido, será uma deliberação histórica por parte da Fifa, já que nunca houve um Mundial Feminino na América do Sul. Em pelo menos três capitais, deverá haver uma disputa entre estádios. Em São Paulo, a escolha será entre as arenas do Palmeiras e do Corinthians; em Porto Alegre, entre o Beira-Rio e a Arena do Grêmio; e em Belo Horizonte, a competição entre o Mineirão e a nova Arena do Galo. Ao menos teoricamente, seriam favoritos os estádios do Corinthians, Beira-Rio e Mineirão, já utilizados na Copa do Mundo masculina de 2014, base desta candidatura feminina.
O processo de escolha é longo e inclui diversas etapas a serem cumpridas. Além das três oficializadas, havia ainda a da África do Sul, que desistiu desta vez, para se candidatar ao Mundial de 2031. Em fevereiro do próximo ano, representantes da Fifa irão visitar as diferentes sedes das três campanhas, e em maio de 2024, a entidade máxima do futebol mundial irá publicar o relatório de avaliação das candidaturas. Por fim, no dia 17 de maio do ano que vem, a sede da Copa do Mundo Feminina de 2027 será anunciada oficialmente em meio ao Congresso da Fifa, que terá lugar em Bangcoc, na Tailândia.
A candidatura brasileira está no cenário internacional do futebol desde julho último, quando a então ministra do Esporte Ana Moser - posteriormente substituída pelo deputado André Fufuca - viajou à Oceania, para apresentar o projeto brasileiro durante a Copa feminina deste ano, organizada por Austrália e Nova Zelândia.
O empenho brasileiro em sediar a Copa feminina é apoiado pela Conmebol, a Confederação Sul-Americana de Futebol. A presença de Ana Moser como capitã da candidatura era uma demonstração do apoio oficial do governo federal à iniciativa, o que é sempre um ponto positivo neste tipo de disputa. Tal tarefa deve ser herdada pelo novo responsável pela pasta do Esporte. Outro aspecto favorável é a tradição em torneios da Fifa, depois de ter organizado as Copas do Mundo masculinas de 1950 e de 2014, além da Copa das Confederações de 2013, com todas essas finais no Maracanã.
Pelo menos teoricamente, o objetivo de realizar um Mundial feminino no país seria o de firmar de uma vez por todas o futebol de mulheres no Brasil, que, embora tenha sido cinco vezes campeão da Copa do Mundo e duas vezes campeão olímpico, no masculino, ainda não conquistou uma Copa feminina. O fato de a camisa 10 brasileira Marta ter sido eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo serve, porém, para aumentar a visibilidade deste esporte no país. Graças a ela e a outras estrelas, é crescente o número de meninas que começaram a jogar futebol, driblando preconceitos arraigados na cultura esportiva do país - que até pouco tempo reservava para as meninas modalidades como a ginástica, o judô, a natação, o handebol ou o vôlei.
Foto: Instagram @martavsilva10
Um fato recente, porém, pode acabar atrapalhando as pretensões brasileiras, já que, no último dia 7 de dezembro, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, foi afastado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou a realização de novas eleições. Na vacância, o cargo foi assumido interinamente, por 30 dias, por José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a quem caberá conduzir novas eleições. Resta saber se esta crise interna, no topo da estrutura do poder do futebol brasileiro poderá ter uma repercussão negativa junto à Conmebol e à Fifa.
Dentre os países candidatos, apenas os Estados Unidos e a Alemanha já tiveram a oportunidade de sediar uma Copa do Mundo de mulheres. A US Soccer (federação americana) foi a organizadora de duas edições seguidas em 1999 e em 2003, nesta ocasião por desistência da China, afetada pela epidemia de síndrome respiratória aguda grave. Já a Alemanha sediou a Copa feminina de 2011. Apesar de ser considerado o país do futebol, o Brasil deverá ter dificuldades no processo de escolha. A candidatura de México e Estados Unidos terá um ponto a favor: o fato de os dois países e mais o Canadá serem a sede da Copa do Mundo masculina de 2026, isto é, um ano antes do Mundial feminino. Com isso, mexicanos e americanos terão estádios e infra-estrutura recém-utilizados, o que pode impressionar positivamente os representantes da Fifa. Apoiada pela Concacaf (a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), a candidatura desses países inclui 16 cidades, sendo cinco mexicanas e 11 americanas: Cidade do México, Monterrey, Guadalajara, Querétaro e León (México); Nova York/Nova Jersey, Dallas, Kansas City, Houston, Atlanta, Los Angeles, Philadelphia, Seattle, San Francisco, Boston e Miami.
Sob o patrocínio da Uefa, a União Européia de Futebol, a campanha de Alemanha, Bélgica e Holanda traria para a história das copas femininas o ineditismo de organizar o primeiro Mundial dividido por três nações. Um aspecto favorável a esta candidatura é a proximidade entre as cidades envolvidas, o que facilitaria muito os deslocamentos das delegações, torcedores e imprensa. O Brasil, ao contrário, tem longas distâncias entre suas diferentes subsedes. Caso a candidatura europeia se saia vitoriosa, seu Mundial irá envolver 13 subsedes: Dortmund, Düsseldorf, Gelsenkirchen e Cologne (Alemanha); Genk, Anderlecht, Gent e Charleroi (Bélgica); e Amsterdam, Eindhoven, Enschede, Heerenveen e Rotterdam. Pelo menos na Internet, esta candidatura saiu na frente, pois já dispõe do site https://www.bng2027.com/ e está presente nas redes sociais.
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