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Dois pesos e duas medidas

Por Mariana Canedo


Há algumas semanas o surfista brasileiro João Chianca recebeu uma orientação para retirada da pintura do Cristo Redentor, um dos maiores cartões postais do Brasil, de sua prancha. A obrigatoriedade da remoção da pintura foi embasada no artigo 50 do regulamento da competição que proíbe qualquer tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial. Segundo o COI, a regra visa manter a neutralidade durante os Jogos Olímpicos e evita controvérsias que possam surgir a partir de símbolos ou mensagens exibidos pelos atletas. Mas,  quando o direito à liberdade de expressão é concedido  apenas ao comitê organizador local, responsável pelo  maior evento multinacional e multiesportivo do planeta, fica complicado fugir da controvérsia. Na sexta-feira (26), durante a cerimônia de abertura dos Jogos, a paródia da “Última Ceia” com Jesus e os apóstolos representados por dragqueens provocou revolta entre católicos e seguidores de outras religiões que têm como base o cristianismo.




  Não é de hoje que franceses se veem em dificuldades por esse tipo de crítica à fé religiosa. Em 2006, o jornal semanal Charlie Hebdo chegou a ser processado pela publicação de charges de Maomé que provocaram protestos de muçulmanos pelo mundo. Mas apesar da reprimenda do então presidente do país Jacques Chirac, o jornal não foi condenado. A resposta do veículo foi uma carta assinada por jornalistas, escritores e intelectuais contra o que classificaram como extremismo religioso. 

Alguns anos depois, em 2011, o jornal voltou a publicar uma charge de Maomé com os seguintes dizeres: “cem chibatadas se você não estiver morto de rir”. Em 2015 a redação do Charlie Hebdo sofreu um atentado terrorista que deixou 12 mortos e 11 feridos. 

Num mundo  tão carente de empatia, algumas vezes a liberdade de expressão pode ser interpretada como ataque ou falta de respeito. Até o momento, não houve nenhum tipo de resposta do COI com relação à sátira à uma das obras mais emblemáticas do pintor renascentista Leonardo da Vinci, que, segunda a tradição cristã, retrata a última ceia de Jesus com os apóstolos antes da crucificação. Neste sábado, um dia após a abertura oficial dos Jogos, milhares de católicos se reuniram na capital da França para cantar louvores a Jesus Cristo. 

Sem poder homenagear sua fé na prancha mas com Cristo no coração, o surfista João Chianca brilhou na estreia do surfe em Paris 2024. Ele, Gabriel Medina e Luana Silva já garantiram vaga na próxima fase.



Programação olímpica deste domingo (28)


• 3h30 – Badminton simples feminino: Juliana Vieira 

• 3h30 – Badminton simples masculino: Ygor Coelho

• 4h – Handebol feminino: Brasil x Hungria 

• 4h15 – Tiro esportivo carabina feminina: Geovana Meyer 

• 5h30 – Tiro esportivo pistola de ar: final 

• 4h30 – Esgrima florete feminino: Mariana Pistoia 

• 4h30 – Ginástica artística feminina: Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares, Lorrane Oliveira e Rebeca Andrade 

• 4h30 – Remo single skiff 

• 5h – Judô masculino e feminino 

• 5h – Tênis de mesa masculino e feminino 

• 5h30 – Hipismo CCE: equipes e individual 

• 6h – Natação 

• 6h – Boxe masculino e feminino

• 6h – Vôlei de praia feminino 

• 7h – Skate street feminino: Rayssa Leal, Gabriela Mazetto e Pâmela Rosa

• 7h – Tênis simples masculino e feminino 

• 7h – Vela 

• 9h10 – Ciclismo mountain bike feminino: Raiza Goulão

• 10h30 – canoagem slalom feminino: Ana Sátila

• 11h – Vôlei de praia feminino 

• 11h – Judô masculino e feminino: ouro 

• 12h – Rugby feminino: França x Brasil

• 12h – Futebol feminino: Brasil x Japão 

• 12h – Skate street feminino: final 

• 12h42 – canoagem slalom feminino: final 

• 14h – Surfe feminino • 15h – Rugby feminino: EUA x Brasil 

• 16h – Vôlei de praia masculino 

• 18h40 – Surfe masculino

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