Tem uma mesa dividida ao meio por uma rede, como se fosse tênis de mesa. Mas a habilidade exigida com a bola de futebol tamanho 5 faz lembrar em muito o futevôlei e o futebol de areia. Embora não tenha gols, mas pontos, que são marcados quando o adversário erra uma rebatida, por exemplo, o teqball é, por definição, um esporte baseado no futebol. Combinando características de tantas modalidades diferentes, o jogo vem crescendo em escala planetária, e no último dia 2 de dezembro, em Bangcoc, na Tailândia, acabou coroando uma brasileira, Rafaella Fontes, como nova campeã mundial.
Atleta do Flamengo, Rafaella chegou ao topo do pódio das competições femininas individuais, ao derrotar a tailandesa Jutatip Kuntatong por 2 a 0 (12/8 e 12/10), numa partida de altíssimo nível e com lances de tirar o fôlego. Em três edições do Mundial, desde 2021, foi a primeira vez em que uma mulher brasileira conquistou o título, que foi ainda mais especial pela presença, na platéia, do pentacampeão mundial de futebol Ronaldinho Gaúcho, dono de uma mesa de teqball e incentivador internacional da modalidade. Ainda no Mundial, outros brasileiros subiram ao pódio. Nas duplas mistas, Leonardo Lindoso de Almeida e Vania Moraes Da Cruz, atletas do Vasco, obtiveram a medalha de prata; e nas masculinas, Rodrigo Bento Medeiros e Matheus Ferraz também ficaram em segundo lugar. Já nas parcerias femininas, Ester Viana Mendes e Vania Moraes Da Cruz, também do Vasco, levaram a medalha de bronze.
"É um momento muito especial para mim. Algo que procuro desde o ano passado, ou desde que comecei o teqball. Eu sabia que não seria fácil, mas sempre tenho Deus comigo, que diz que posso tudo e me dá forças para estar aqui", declarou Rafaella Fontes. "Além disso, fiquei muito feliz com a presença do Ronaldinho Gaúcho aqui. Ele só me deu mais motivação para seguir em frente, para vencer esse campeonato, para dar tudo de mim. Agradeço muito a ele por estar presente, por tudo, ele é uma pessoa sensacional, e merece tudo que conquistou. Agradeço também a todos que assistiram, todos do Brasil. Muito feliz por ser a primeira campeã individual do Brasil!”
Rafaella ainda teve tempo para fazer uma partida de gala com seu ídolo Ronaldinho Gaúcho. O ex-craque da seleção brasileira campeã mundial de 2002 na Coreia do Sul e Japão, é embaixador internacional do teqball e vem se empenhando para que a modalidade passe a integrar o programa dos Jogos Olímpicos.
"Ainda acho que o que vi no teqball há alguns anos vai acontecer, porque é um esporte incrível. Tenho certeza que será selecionado para o programa olímpico em um futuro próximo, mas infelizmente não estou mais em condições de competir nos Jogos, principalmente vendo os jogadores de hoje. Ao mesmo tempo, é a prova de que são verdadeiros profissionais e ajuda muito o Teqball”, declarou o ex-craque, dono da primeira mesa de teqball do mundo na qual ainda vem praticando.
O Brasil é uma das forças do teqball, já tendo conquistado duas outras medalhas de ouro em Mundiais. Em 2019, em Budapest, na Hungria, Natalia Guitler e Marcos Vieira da Silva foram campeões de duplas mistas. Em 2021, em Gliwice, Polônia, Natalia e Rafaella foram as campeãs mundiais de duplas femininas. As outras medalhas verde-amarelas nestes campeonatos foram as pratas de Leonardo Lindoso e Vania Moraes da Cruz em Gliwice-2021 e Nuremberg (Alemanha)-2022, em duplas mistas; o bronze de Rafaella Fontes, no individual feminino, em Nuremberg, ano passado; e o bronze de Natalia e Rafaella nas parcerias femininas, igualmente na edição de Nuremberg. Ao todo, os brasileiros têm dez pódios em Mundiais, sendo três ouros, quatro pratas e três bronzes.
Esporte relativamente recente, o teqball foi criado na Hungria em 2012, devendo ser jogado em confrontos individuais ou em duplas, que podem ser masculinas, femininas ou mistas. Tem dois sets de 12 pontos cada, podendo ser praticado em diversas superfícies como areia, acrílico ou em ambientes fechados. Cada atleta pode dar apenas três toques na bola, antes de devolvê-la ao adversário, o que faz lembrar o vôlei. Não é permitido contato físico entre os jogadores, ou entre os jogadores e a mesa, o que ajuda a reduzir o risco de lesões por impacto. Uma das características desta modalidade é a mesa, que tem uma curvatura especial, descendo em direção ao fundo.
Além de Ronaldinho Gaúcho também brincam na modalidade famosos e celebridades como Lionel Messi, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, David Beckham, Justin Bieber, Douglas Costa e Adam Levine.
Em números, a estimativa da Federação Internacional de Teqball, a FITEQ, é a de que haja cinco mil jogadores em mais de cem países. Já existem 141 federações nacionais estabelecidas, mais de dois mil clubes praticantes (como Flamengo e Vasco, no Brasil), mais de dois mil árbitros treinados pela FITEQ, que vem organizando mundiais anualmente desde 2017. Em setembro passado, o Rio sediou um torneio internacional da modalidade. O esporte é reconhecido por três associações olímpicas continentais: Conselho Olímpico da Ásia (OCA), Associação de Comitês Olímpicos Nacionais da África (Anoca) e Comitês Olímpicos Nacionais da Oceania (Onoc), o que, sem dúvida, trata-se de um fator importante na luta pela inclusão no programa olímpico.
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